Do turismo à exportação: o que esperar da economia de SC pós-eleições na Argentina
01.nov.23 | Por: ABIH-SC

Do turismo à exportação: o que esperar da economia de SC pós-eleições na Argentina

Do turismo à exportação: o que esperar da economia de SC pós-eleições na Argentina

Sergio Massa (à esquerda) e Javier Milei (à direita) vão disputar o segundo turno das eleições argentinas no dia 19 de novembro – Foto: Juan Mabromata/Luis Robayo/AFP

O resultado do segundo turno das eleições na Argentina é uma decisão bastante esperada que pode impactar no cenário econômico do Brasil. A 19 dias do pleito eleitoral para a presidência, a disputa entre o peronista Sergio Massa e o ultraliberal Javier Milei pode representar mudanças significativas para a economia de Santa Catarina, um dos lugares mais visitados pelos vizinhos no país.

O resultado do primeiro turno foi liderado por Sergio Massa, da coligação governista e também atual ministro da Economia, com 9,6 milhões de votos, equivalente a 36,68%.

Já o candidato opositor Javier Milei, representante populista obteve 7,8 milhões de votos – referente a 29,98%. Os números são da última atualização da apuração das urnas que alcançou 98,51% no domingo (29).

O segundo turno que vai escolher a presidência do país está marcado para o dia 19 de novembro.

Como eleições na Argentina podem afetar Santa Catarina?

A Argentina é um dos principais parceiros econômicos do Brasil, por isso os resultados são acompanhados com expectativa por especialistas.

O doutor em Economia e professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Daniel Vasconcelos explica que o cenário econômico na Argentina não foi favorável nos últimos anos e a situação política também pode influenciar cidades do Sul do Brasil, como as de Santa Catarina.

Em 2022, Santa Catarina arrecadou US$ 12 bilhões, um salto de 16,2% no número registrado no ano anterior, de acordo com o Observatório FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina). A Argentina está no top 3 dos destinos dos produtos catarinenses, mostra o levantamento.

Os principais destinos das exportações de SC

  1. Estados Unidos: US$ 2,1 bilhões
  2. China: US$ 1,6 bilhão
  3. Argentina: US$ 820,1 milhões
  4. Chile: US$ 605,1 milhões

O setor de exportações de Santa Catarina, segundo Vasconcelos, pode sentir os impactos dos resultados do 2º turno das eleições, principalmente em cenários de “mudanças” comerciais.

O candidato ultraliberal Javier Milei, em entrevista à Bloomberg, defendeu a saída da Argentina do Mercosul e disse que pretende limitar o comércio o Brasil por considerar o país “comunista”.

“Um dos candidatos fala abertamente em romper relações com alguns países, expondo a economia argentina a um grau de incerteza muito maior do que o outro, que se propõe a algum grau de continuidade nas relações comerciais já estabelecidas, como Mercosul e China”.

Em 2023, a Argentina continuou sendo um dos principais parceiros comerciais, mesmo com a restrição aplicada pelo governo do país vizinho sobre produtos brasileiros. O mesmo acontece em relação às importações. Santa Catarina é um dos destinos mais comuns dos produtos argentinos.

O fluxo de turistas argentinos pode sofrer impacto?

A temporada de verão 2023/2024 tem expectativa ainda mais alta do que o período anterior em SC.

Dados da Fecomércio mostram que somente no primeiro semestre deste ano o estado recebeu 1.930.205 turistas entre os meses de janeiro a julho, aproximadamente 37 mil a mais do que os 7 primeiros meses de 2022.

O boletim aponta ainda que Santa Catarina é o 5° estado com maior número de entrada de estrangeiros no país, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

E a vinda de argentinos para Santa Catarina, o que é comum nas temporadas de verão, poderá ter relação com o câmbio entre o peso e o real. Na cotação de segunda-feira (30), R$ 1 equivalia a 69 pesos argentinos.

Após a vitória de Milei nas primárias, houve a desvalorização de 20% no peso. A moeda ainda pode perder mais valor em razão da proposta do candidato em tornar o dólar a moeda principal do país, mesmo sem reservas suficientes para isso.

“Não acredito que o impacto sobre a demanda de turismo aqui no estado seja assim tão significativa. Teria que haver uma crise muito maior para que o impacto tivesse um resultado em Santa Catarina. […] Em geral, eles [turistas argentinos] têm um certo nível de renda capaz de sobreviver a algumas oscilações econômicas muito bruscas e devem vir ao estado porque é um hábito ou preferência, uma escolha esperada”, define o economista.

Conheça o perfil dos candidatos argentinos

Sergio Massa – advogado, representante do partido peronista União pela Pátria e atual ministro da Economia da Argentina. Já foi presidente da Câmara dos Deputados e ficou conhecido por vencer as primárias do partido após três tentativas.

Sergio Massa, candidato a presidência da Argentina discursando em frente a um microfone. Ao fundo um painel com a insígnia do Ministério da Economia Argentina
Sergio Massa liderou a votação no primeiro turno e surpreendeu especialistas – Foto: Juan Mabromata/AFP
  • Entre as principais propostas defendidas por ele para a economia está a recuperação do poder aquisitivo das famílias e o fortalecimento de empresas estatais, apesar da inflação ter chegado a 138% ao ano durante a atuação de Massa à frente da pasta.

“O candidato que saiu no primeiro lugar nas eleições já teria, de certa forma, as suas possibilidades de gestão precificadas para o mercado, ele foi ministro da Fazenda do atual governo, então não se deve esperar uma mudança muito brusca”, explica o economista da UFSC.

Javier Milei – economista e autodeclarado ‘anarcocapitalista’ – política que defende o livre comércio e a não interferência do Estado na sociedade – integra a coalizão conservadora La Libertad Avanza, representante do liberalismo.

Javier Milei, candidato a presidência argentina olhando por cima das lentes dos óculos de armação na cor preto. Ele sorri como se estivesse olhando para alguém.
Para a economia, uma das propostas defendidas por Javier Milei é o fim do Banco Central – Foto: Luis Robayo/AFP
  • Entre os principais pontos que defende na campanha nestas eleições estão o fechamento do Banco Central e a saída da Argentina do Mercosul.

“Já o outro candidato que tem uma proposta de dolarização da economia, fechamento do Banco Central da Argentina e com propostas de política econômica um tanto quanto radicais, o que pode levar a uma oscilação muito grande nos indicadores econômicos argentinos, caso ele vença, e aí sim, um cenário econômico um pouco mais difícil de ser previsto”, completa o especialista em economia internacional Daniel Vasconcelos.

Fonte: NDmais

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