Municípios de Santa Catarina adotam cidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
16.maio.24 | Por: ABIH-SC

Municípios de Santa Catarina “adotam” cidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul

Municípios de Santa Catarina "adotam" cidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul

Cidade de Eldorado do Sul foi uma das mais atingidas pelas cheias no Estado; agora, ela está sendo “adotada” por Bombinhas (SC).
Jefferson Botega / Agencia RBS

Prefeituras do Estado vizinho estão enviando para os gaúchos seus maquinários, doações e, principalmente, pessoas para ajudar a reerguer os locais que foram devastados pela chuva. Foi vendo um vídeo sobre a devastação das chuvas sobre Eldorado do Sul, nas redes sociais, que o prefeito do município catarinense de Bombinhas, Paulo Henrique Dalago Muller, decidiu que tinha que ajudar a cidade gaúcha. Porém, ele não queria apenas enviar mantimentos, queria ajudar na reconstrução do local. E é isso o que está fazendo, assim como outros prefeitos de seu Estado.

— Eu fiquei pensando: “Quando baixar essa água, o que vai ser deste prefeito? Uma cidade que ficou quase 90% debaixo d’água. Como ele vai reconstruir?”. Liguei para o prefeito (Ernani Gonçalves) e perguntei o que ele precisava. Na ligação, ele disse: “Meu filho, a minha cidade acabou. Eu preciso de tudo”. Eu disse, então, em tom de brincadeira, eu vou aí e “adotar” o senhor e a sua cidade — explicou Muller.

O prefeito de Bombinhas, então, trouxe para o Estado, na última semana, dois caminhões, duas máquinas pesadas, lanchas, motos aquáticas, materiais de construção e de limpeza, alimentos e um grupo de 25 voluntários — a partir de um Projeto de Lei (PL), o 014/2024, aprovado pela Câmara de Vereadores. A ideia é permanecer no município gaúcho, entre idas e vindas, enquanto houver necessidade. Tal ajuda foi celebrada por Ernani Gonçalves, chefe do Executivo de Eldorado do Sul, que viu a sua cidade ser devastada pelas enchentes.

— O prefeito de Bombinhas veio para cá com uma equipe e (eles) nos ajudaram, trouxeram equipamentos e materiais, suprimentos. O Brasil todo está nos ajudando. Se não fosse isso, não sei como seria a nossa vida aqui. Ninguém está preparado para uma situação dessas — salienta Gonçalves.

Muller, após brincar que iria “adotar” Eldorado do Sul, entendeu que, na verdade, aquilo poderia ser sério. Foi, então, fazer o pedido de “adoção” nas redes sociais e, conforme ele, este chamamento inspirou o humorista Badin a engrossar o coro, o que gerou ainda mais repercussão. Assim, frequentemente, novas ajudas como esta estão sendo anunciadas.

Um destes anúncios ocorreu nesta quarta-feira (14), com o município de Joinville decidindo apoiar a cidade de Guaíba. Segundo a prefeita em exercício, Rejane Gambin, os deputados Felipe Camozzato, estadual, e Marcel van Hattem, federal, intermediaram a união SC-RS, o que vai gerar esta “adoção” para reerguer a localidade tão atingida pelas chuvas.

— O prefeito Marcelo Maranata aceitou a ajuda, porque este é um tipo de ajuda que tem que ter o aceite do prefeito, aí logo depois disso, nos reunimos. Agora, vamos ir para a primeira etapa, que é definir o que Guaíba precisa neste primeiro momento. E, depois, entender o que será necessário para quando as pessoas de lá voltarem para as suas casas — detalha Rejane.

Este movimento, porém, precisa ser detalhado e transparente, uma vez que, conforme a prefeita em exercício de Joinville, o dinheiro público é destinado para ser gasto em cada cidade. Assim, para que a ajuda possa ir sem qualquer problema para Guaíba, uma equipe já está em conversa com o Tribunal de Contas para poder avançar com os trâmites sem qualquer problema futuro.

Prefeitura de Bombinhas / Divulgação
Parte do maquinário da prefeitura de Bombinhas à disposição de Eldorado do Sul.Prefeitura de Bombinhas / Divulgação

“Adoções” de várias formas

Dentro deste cenário, cada conversa é feita de maneira individual e cada município se organiza de sua maneira para poder prestar ajuda às cidades gaúchas. O prefeito de Chapecó, por exemplo, João Rodrigues, sancionou a lei 8.703, que autoriza o Poder Executivo a realizar ações de auxílio a municípios brasileiros afetados por catástrofe natural, por meio de ajuda mútua.

— Adotamos Arroio do Meio e a nossa ideia é ficar de sete a dez dias por lá para podermos recuperar a cidade — conta Rodrigues. — Chapecó tem uma coisa um pouco diferente, acho que por tudo que a cidade já viveu, com a tragédia da Chapecoense, a covid. Então, a solidariedade humana aqui é impressionante. A população aplaude.

Então, na próxima terça-feira (21), sai da cidade catarinense um comboio com dez caminhões, quatro retroescavadeiras, duas escavadeiras hidráulicas, duas patrolas e dois caminhões-pipa. Além disso, acompanha mais uma equipe de cem servidores municipais e voluntários, para auxiliar na reconstrução das estradas, limpeza de ruas e limpeza das casas, bem como para prestar serviços de assistência social e saúde.

— Já veio uma equipe de Chapecó aqui para ver o que Arroio do Meio está precisando. A gente ficou muito feliz de alguém estender a mão para o nosso município que tanto precisa agora — conta o prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel. — E isso encoraja a gente para continuarmos fazendo a nossa parte, em um momento que a gente sabe em que não estamos sozinhos.

Prefeitura de Chapecó / Divulgação
Caminhão da prefeitura de Chapecó em direção ao Rio Grande do Sul.Prefeitura de Chapecó / Divulgação

Além do anúncio

A cidade catarinense de Rio do Sul, por exemplo, anunciou em suas redes sociais, que iria adotar o município de Muçum. O prefeito gaúcho, Mateus Trojan, porém, disse que, por enquanto, o diálogo entre as duas localidades não ocorreu de maneira direta e, assim, ainda não recebeu ajuda de sua “adotante”.

— Nós ainda não conseguimos conversar. Em um primeiro momento, o prefeito de lá tinha algumas ações de apoio que não eram tão necessárias, não fariam muito sentido para nós. Solicitamos, então, o contato direto com a prefeitura e estamos aguardando. Existe um manifesto de interesse, assim como de outros municípios nos últimos dias — destaca Trojan.

Segundo o prefeito gaúcho, caso o manifesto de interesse se torne, de fato, apoio além das redes sociais, o que mais Muçum precisa, neste momento, é de maquinário, caminhões hidrojato, caminhões de caçamba, miniescavadeiras, mão de obra voluntária e doações em dinheiro, para a reconstrução da cidade e expansão para áreas que não sejam afetadas pelas enchentes.

Cidades que foram adotadas (e que já houve confirmação de ajuda):

  • Arroio do Meio adotada por Chapecó (SC)
  • Guaíba adotada por Joinville (SC)
  • Eldorado do Sul adotada por Bombinhas (SC)
  • Estrela adotada por Blumenau (SC) e, também, por Osasco (SP)
  • Novo Hamburgo adotada por Itapetininga (SP)
  • Nova Santa Rita adotada por Indaial (SC)
  • Roca Sales adotada por Sananduva (RS)
  • Rolante adotada por Timbó (SC)
  • Sinimbu adotada por Tucunduva (RS)

Fonte: GZH Geral

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